A extorsão corporativa, amplamente conhecida como “taxa de segurança” ou “pedágio”, consolidou-se como uma grave ameaça à economia e à segurança pública no Rio de Janeiro. Essa prática, promovida por facções criminosas, afeta prioritariamente grandes empresas em segmentos estratégicos como logística, construção civil e comércio varejista. Tais setores tornam-se alvos devido à sua capacidade financeira e à dependência de operações em áreas sob o controle de grupos criminosos.
Os impactos dessa prática são profundos e multifacetados. Eles incluem o aumento significativo dos custos operacionais, a retração de investimentos, a diminuição da competitividade e, mais gravemente, o comprometimento da integridade física de colaboradores. Para além dos danos financeiros, a extorsão impõe desafios críticos às empresas, exigindo a revisão de estratégias de segurança, o reforço de medidas preventivas e a gestão da instabilidade regulatória em regiões afetadas.
Este artigo visa analisar as principais ameaças, impactos e desafios associados à extorsão corporativa no RJ. Nosso objetivo é destacar os fatores cruciais para a continuidade dos negócios e a mitigação dos efeitos desse fenômeno, que transcende a esfera econômica e atinge o tecido social fluminense.
A extorsão corporativa e o cenário do crime organizado no RJ
No contexto de exposição ao risco de extorsão corporativa no Rio de Janeiro, as comunidades dominadas por facções criminosas e milícias são pontos de atenção. Essas organizações, voltadas para o tráfico de drogas (como Comando Vermelho – CV, Terceiro Comando Puro – TCP e Amigo dos Amigos – ADA) ou com forte influência em áreas urbanas/estratégicas de grande fluxo logístico, são as principais promotoras da extorsão.
Milícias e facções: a capilaridade da extorsão
Ao aprofundarmos nos grupos criminosos, observamos que as milícias e o Comando Vermelho são os principais agentes da extorsão corporativa. De acordo com informações divulgadas, as milícias possuem a maior capilaridade territorial, controlando cerca de 57,5% do território da capital fluminense.
Esse controle se estende a serviços essenciais como fornecimento de água, gás, internet, transporte e até mesmo o mercado imobiliário. Elas impactam 33,1% da população da capital e 29,2% da região metropolitana, com destaque para o poder consolidado em bairros estratégicos.
O Comando Vermelho (CV) vem em seguida, com atuação sobre cerca de 18,2% da população na capital e 24,2% na região metropolitana, mantendo sua hegemonia em áreas periféricas e no leste metropolitano.
A dinâmica da extorsão: além do tráfico de drogas
Uma mudança significativa tem sido observada na dinâmica desses grupos criminosos. Com o aumento das disputas territoriais e a expansão do Comando Vermelho para áreas anteriormente controladas pelas milícias, o setor de inteligência da Polícia do Estado tem apontado que as facções dependem cada vez menos do tráfico de drogas para sua sobrevivência no Rio de Janeiro.
Atualmente, os criminosos apostam no domínio do território e na continuidade do modelo de extorsão adotado pelas milícias para lucrar nas comunidades. Essa evolução potencializa ainda mais a prática de extorsão, impactando severamente grandes empresas, especialmente as do segmento logístico.
Impactos e desafios da extorsão no segmento corporativo
A atuação desses grupos criminosos gera impactos graves no segmento empresarial, exigindo uma reavaliação constante das estratégias de segurança e continuidade do negócio.
Principais impactos para as empresas
- Risco à vida dos funcionários e sinistralidade: Aumenta a probabilidade de abordagens violentas, ameaças à segurança de funcionários e sinistros como roubo ou furto de cargas.
- Aumento de custos operacionais: As empresas são forçadas a pagar “taxas de segurança e proteção” ou “pedágios” para operar, elevando significativamente os custos de distribuição e logística.
- Diminuição da competitividade: Os custos adicionais decorrentes da extorsão prejudicam a capacidade das empresas locais de competir com players de outros estados ou regiões.
- Restrição de investimentos: A insegurança e a necessidade de negociação com grupos criminosos fazem com que investidores hesitem em apoiar projetos no Rio de Janeiro.
- Comprometimento de prazos e qualidade: A restrição de acesso a determinadas áreas pode resultar em atrasos na entrega de mercadorias e na execução de obras, afetando a reputação e a satisfação do cliente.
Desafios estratégicos e operacionais
Com o crescimento dos conflitos entre grupos criminosos e a ausência de controle estatal em muitas regiões críticas e de interesse comercial, o ambiente corporativo se torna ainda mais desafiador:
- Convívio com o domínio territorial criminoso: Empresas precisam operar em um cenário onde milícias e facções como Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro controlam vastas áreas, mantendo e expandindo seu modus operandi de extorsão.
- Mitigação de ameaças à integridade física: Colaboradores e veículos de transporte enfrentam riscos constantes, o que afeta diretamente a motivação, produtividade e bem-estar das equipes.
- Manutenção da sinergia com órgãos de segurança pública: A presença insuficiente de forças públicas em áreas dominadas pelo crime impede o cumprimento da lei e a proteção efetiva das empresas, tornando a colaboração com o setor público um desafio.
- Reputação institucional e continuidade do negócio: É crucial manter a reputação da instituição e a conformidade com as políticas de compliance e anticorrupção, mesmo diante da dependência de rotas e operações em áreas controladas. O desafio é evitar pagamentos extorsivos, ao mesmo tempo em que se busca não impactar o atendimento e causar atrasos operacionais para o cliente final.
Nesse cenário, a mitigação de eventos relacionados à extorsão corporativa e a garantia da continuidade/expansão do negócio, em conformidade com as políticas de compliance, exigem uma abordagem proativa e estratégica. É fundamental buscar:
- Reformas em políticas públicas: Necessidade de aprimoramento das leis e ações estatais para combater o crime de extorsão.
- Fortalecimento do aparelho estatal: Implantação de ações para fortalecer os órgãos de segurança pública.
- Estruturação de relacionamento institucional: Desenvolvimento de ferramentas de inteligência e parcerias público-privadas entre empresas do setor, ONGs e órgãos de segurança. O foco deve ser a criação de zonas econômicas seguras para garantir a operação logística em vias urbanas de grande fluxo.
- Investimento em gestão de riscos: Estruturação de áreas focadas em gerenciamento de ameaças, treinamentos e conscientização, e adoção de infraestrutura e tecnologia de segurança adequadas (como sistemas de rastreamento) para monitoramento em tempo real das operações.
Diante da criticidade do cenário atual e do crescimento da prática de extorsão corporativa, como sua empresa está se preparando para resguardar a vida dos colaboradores e garantir a continuidade/expansão do negócio sem sujeitar-se a pagamentos indevidos de “taxas de segurança” ou “pedágios” nessas regiões? Seus processos estão aderentes às melhores práticas e preparados para esse desafio?
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