A segurança no setor de telecomunicações é um tema crucial, especialmente em áreas com forte presença de grupos criminosos organizados, como ocorre no Rio de Janeiro. O setor de telecomunicações é um pilar essencial para o desenvolvimento econômico e social, conectando milhões de pessoas e impulsionando inovações tecnológicas.  

Contudo, as empresas que operam nesse setor enfrentam desafios significativos para garantir a segurança de suas infraestruturas e serviços. As ameaças vindas de milícias e traficantes têm comprometido não apenas a expansão dos serviços de telefonia e internet, mas também a manutenção de operações regulares e seguras. 

Nesse contexto, entender como o crime organizado afeta as telecomunicações e quais estratégias podem ser adotadas para melhorar a segurança é vital para garantir a sustentabilidade do setor no estado. Este artigo examina as dificuldades enfrentadas pelas operadoras no Rio de Janeiro, incluindo práticas de extorsão, roubo de cabos e vandalismo, e como as empresas têm reagido para mitigar esses problemas. 

Entendendo os desafios do Setor de Telecomunicações no Rio de Janeiro frente ao crime organizado

Os provedores de telefonia e internet enfrentam significativas dificuldades para expandir seus serviços em áreas sob o controle de milícias e traficantes de drogas no Rio de Janeiro. Estas empresas têm sido alvo constante de extorsão por parte desses grupos criminosos, o que tem impactado diretamente na expansão comercial, na prestação dos serviços e na manutenção de suas infraestruturas. 

No final de 2022 e início de 2023, o crime organizado passou a explorar oportunidades para obter vantagens sobre as operadoras de Telecom, impondo taxas mensais para atuação em determinadas áreas. A não cooperação resultaria no impedimento de acesso para reparos técnicos e na captação de novos clientes. Ademais, tem-se observado uma crescente aliança de provedores de pequeno porte com estas organizações criminosas, o que tem intensificado a disputa por territórios com empresas regulares já estabelecidas no mercado. 

Os provedores irregulares têm estabelecido uma concorrência desleal, muitas vezes contando com o respaldo das milícias e traficantes locais, o que reduz as opções dos consumidores. 

De acordo com dados do Painel Telebrasil, estima-se que haja pelo menos 105 comunidades no estado onde grupos armados estão presentes. A Conexis, que representa operadoras como Claro, Oi, TIM, Vivo, Algar e Sercomtel Brasil Digital, tem relatado que o setor enfrenta uma série de problemas nessas regiões, incluindo roubo e vandalismo de cabos, além de dificuldades de acesso para instalações e manutenções. 

O Impacto dos Furtos de Cabos no Setor de Telecomunicações 

Além da extorsão, os furtos de cabos metálicos de cobre têm causado impactos significativos na interrupção dos serviços de telefonia e internet para a população. Segundo a Conexis, em 2023, foram registrados 4,72 mil quilômetros de cabos indevidamente retirados em todo o Brasil, 15% a mais que no ano de 2022. Este tipo de crime muitas vezes é motivado pela venda do cobre para o mercado de reciclagem, embora as operadoras estejam gradativamente migrando para fibra óptica, que representa mais de 70% dos acessos de banda larga. 

Apesar dos desafios, houve uma redução de 44,3% no volume de cabos de telecomunicações roubados no Rio de Janeiro. Esta diminuição é atribuída ao aumento do investimento em fibra óptica por parte das empresas do setor. Além disso, as operadoras têm intensificado o diálogo com as autoridades para promover ações de combate ao furto e vandalismo relacionados às telecomunicações. 

A Importância da Colaboração para Melhorar a Segurança no Setor 

Para aumentar a eficácia das ações de combate ao crime, é fundamental atuar de maneira inteligente.  

Isso pode ser feito utilizando dados provenientes das operadoras de telefonia para direcionar os esforços da segurança pública de forma mais precisa. Essa abordagem possibilitará a implementação de medidas efetivas para combater o furto e vandalismo no setor. 

Como ir além dos desafios?  

Garantir a segurança no setor de telecomunicações no Rio de Janeiro é um desafio complexo, mas essencial para a continuidade e expansão dos serviços. A atuação do crime organizado, seja através de extorsão ou furtos de cabos, tem dificultado o trabalho das operadoras e comprometido a qualidade dos serviços oferecidos aos consumidores.  

No entanto, com a crescente migração para tecnologias mais seguras, como a fibra óptica, e a intensificação das parcerias com as autoridades públicas, há sinais de melhoria. O fortalecimento da colaboração entre empresas e órgãos de segurança será vital para o futuro do setor, permitindo não apenas a continuidade dos serviços, mas também o crescimento econômico da região e o atendimento às necessidades da população