*Por Lourival Trevizolli Júnior
O agronegócio envolve uma cadeia de atividades que não está limitada apenas à produção agrícola e pecuária. Há também os setores adjacentes, como o de maquinários agrícolas, herbicidas, fertilizantes, adubos, tecnologia de ponta, produtores de ração e laboratórios de pesquisa, entre outros.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) da Esalq-USP, o agronegócio brasileiro é um dos mais representativos do mundo, movimentando cerca de 100 bilhões de dólares anualmente e posicionando o Brasil entre os cinco maiores produtores agrícolas, ao lado de Estados Unidos, China, Índia e Rússia.
Ainda no cenário de boas perspectivas, nos últimos 40 anos a produção agropecuária brasileira se desenvolveu de forma exponencial, apoiada pelo desenvolvimento tecnológico em um movimento em busca constante de inovação digital, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Os produtores, por sua vez, não priorizam a cultura da segurança em seus negócios. E, na ânsia de uma solução rápida para seus problemas, acabam se expondo a outros tipos de risco que poderiam ter sido previstos e evitados.
Um exemplo claro é a contratação de vigilantes, guardas e agentes por indicação de um amigo, familiar ou colaborador da empresa, que, por muitas vezes, não é um profissional treinado, pois não possui os registros e as certificações obrigatórias para o exercício da profissão. Logo, poderá trazer mais problemas do que soluções, com danos materiais e até mesmo responsabilidade civil, resultando em possível prisão do responsável pela contratação desta mão de obra. Outras possíveis consequências seriam o impacto negativo com a exposição da marca da empresa ou propriedade, perda de ativo e, porventura, a desvalorização do negócio perante o mercado.
Devemos considerar ainda que, com o aumento da participação da tecnologia no dia a dia do segmento agro, a vulnerabilidade cibernética passa a ser também um ponto de alerta. Imagine que equipamentos que fazem o plantio, o controle da produção e a colheita de forma totalmente autônoma tivessem sua estrutura de rede de dados invadida e seus dados sequestrados e criptografados por um hacker que, num momento oportuno, cobraria valores altíssimos para o desbloqueio e a devolução dos dados. Isto com certeza paralisaria todo o fluxo de produção e, consequentemente, causaria um dano financeiro inimaginável.
Nesse sentido, o caminho para mitigar riscos aponta para uma política que prioriza a prevenção ou mesmo uma predição, incorporando inteligência ao fluxo da segurança para observar o negócio por todos os ângulos e, ao mesmo tempo, atuar nos pilares de tecnologia, processos, pessoas, informações e gestão, ou seja, realizando uma gestão de segurança exponencial. Em outras palavras, que prioriza a evolução e a tendência de desenvolvimento constante.
Cada propriedade sofre com problemas variados e graus diferentes de criticidade. Por isso, a recomendação principal é que, em primeiro lugar, seja realizado um estudo detalhado e customizado, levando em consideração as particularidades do negócio.
Caso a opção seja terceirizar a área de segurança no agronegócio, a principal recomendação é buscar por uma empresa especializada, com experiência comprovada no mercado e que desenvolve suas atividades dentro de princípios éticos. Uma especialista poderá criar e atualizar processos, recomendar tecnologias, apresentar as boas práticas do mercado, indicar as melhores soluções alinhadas com a inovação, apontar um caminho seguro rumo à maturidade em segurança, bem como orientar para que todos os serviços contratados estejam em conformidade com a legislação e alinhados com os princípios éticos e pró-compliance.
* Lourival Trevizolli Júnior é consultor master de Segurança Empresarial na ICTS Security, empresa de origem israelense que atua com consultoria e gerenciamento de operações em segurança.